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Bestiários: simbologia na Id. Média (I)

Em definição breve e sucinta,
bestiário é uma coletânea de textos e iluminuras (ilustrações) sobre animais reais e imaginários, tanto em seus aspectos físicos, como morais e alegóricos.

Os bestiários eram manuscritos medievais,
onde se descrevia o mundo natural. Retratavam animais como pássaros, peixes, leão etc., e animais fantásticos, criados pela imaginação humana, como o unicórnio, a fênix, o dragão e a sereia.

Eram copiados por monges,
como os demais livros da Idade Média. E, à medida que eram copiados, outras espécies eram incluídas, “funcionando como um livro de notas de um naturalista, em permanente revisão”.

Os antepassados dos bestiários medievais (séc. XII e XIII):
  • a obra Physiologus (séc. II e III), texto latino, traduzido do grego, que representava a versão cristã do conhecimento naturalista. Ficou conhecido como uma tentativa de redefinição do mundo natural em termos cristãos;
  • a enciclopédia de Isidoro de Sevilha – a Etymologiae (séc. IV), era uma tentativa de explicar o nome dos animais.

Bestiários mais antigos:
  • Philippe de Thaon (1125), escrito em versos;
  • o Tractatus de bestiis et aliis rebus séc.XII), em prosa; e,
  • o De animalibus (séc. XIII).

Os bestiários tinham como objetivo
expor o mundo natural e instruir os homens. Partindo da crença de que tudo na Criação era um ato intencional do Criador, com a função de edificar o homem pecador, a natureza e os hábitos dos animais seriam uma mensagem para sua redenção.

Baseados nas Escrituras Sagradas,
os bestiários atribuíam a cada animal um significado místico, muitos dos quais representavam, simultaneamente, o bem e o mal, sendo-lhes dado um caráter dual.


“São Bernardo dirigiu o homem a lutar contra seus demônios,
‘a ira do leão, o desaforo do bode, a ferocidade do javali, o orgulho do unicórnio’."


“Em uma das visões de Daniel são quatro bestas emergentes do mar:
o primeiro foi como um leão com asas de uma águia, e um homem de coração foi dado;
a segunda como um urso, três costelas na boca entre os dentes;
o terceiro como um leopardo, sobre os flancos quatro asas de pássaros;
e, finalmente, a quarta besta, terrível e assustador,
extremamente forte, com dentes de ferro e dez chifres.
Estes animais correspondiam
ao império da Babilônia, e os reinos dos Medes, Persas e Alexander."

As iluminuras,
na maioria das vezes, eram complementares ao texto, apresentando detalhes que este omitia.

Outra característica dos bestiários
era a equivalência dos animais nos elementais terra, água e ar, de onde deriva a correspondência cavalo, cavalo marinho e cavalo alado.

Os bestiários tiveram grande influência
na Literatura (fábulas e alegorias), bem como nas Artes, por seu valor pictórico, e na Biologia, na enumeração e estudo das espécies.

Continuação em: Simbologia dos Animais


Imagens
Biblioteca Nacional da França (não deixem de conferir o site, há muito mais para se ver)

Comments (2)

extremamente interessante. amei estas informações. voltarei com mais tempo para me aprofundar melhor no tema e, claro, para "katifuçar" mais este recanto.

muito bom o post cara!Gostaria de saber se você gostaria de ter um parceiro, aqui oh :D
www.nonsensemix.blogspot.com

essa biblia da mo medo :P
Abraços, se cuida.

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